sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Sobre o ataque em Paris

Liga-se a televisão e está na CNN.
Não percebe as imagens e pergunta se podemos mudar para o 44, pedido ao qual respondo que é só um bocadinho para ver como está o mundo*
Pergunta-me então: "e como está o mundo?"
Respiro fundo, enquanto questiono sobre o que lhe responder e digo-lhe apenas que não está muito bem.
"Porquê?..."
"Porque aconteceu uma coisa muito má. Uns homens maus atacaram um jornal apenas por não concordarem com o que o jornal fazia. E, apesar de já saberem quem foi, ainda não os conseguiram prender."
"E quem foi? Devem ter sido rapazes e não homens como o papá. E onde foi?"
Digo-lhe que eram homens, já eram crescidos, mas mais novos que o papá e que foi em França, em Paris.
"Então se não foi em Portugal o que é que interessa? Podes pôr no 44?"

Mudei a televisão e enquanto dava razão à nossa opção de não ver noticiários com ela, pensava no quanto isso interessa.
Fazer humor sobre os outros pode magoar, ser mais ou menos difícil de aceitar, conforme cada um (digo-o eu, que tenho um nome susceptível de levar a gozações e piadas e que muitas ouvi enquanto crescia), mas a diferença está na forma como se reage a isso.
No meu caso, mesmo quando me custava a ouvir, dava uma resposta torta ou nos dias mais inspirados, respondia com humor entrando na onda, desnorteando o atrevido.
Ontem, com a desculpa da religião, responderam com armas e tiros, seguindo uma determinada lista, e acabaram até por vitimar à queima roupa um policia, ele sim muçulmano.


*expressão que uso quando dou uma espreitadela às notícias

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