sexta-feira, 7 de maio de 2010

Da linguagem

Lembro-me de ficar espantada com as minhas primas e a capacidade de, todas elas, perceberem as suas pequenas crias, naqueles seus dialectos demasiado parecidos a guinchos e grunhidos e gestos feitos ao acaso.
Pensava eu, na altura, feitos ao acaso!
Hoje dou por mim fluente na linguagem da minha amostra de gente.
Uma linguagem em todo igual à daqueles primos, cada vez mais crescidos!...
Para nós abrir a boca e falar é tão simples quanto respirar, desde que não estejamos afónicos, claro!
Mas para eles que ainda o estão a aprender não parece assim tão simples.
Ainda por cima, existe aquele desajuste temporal entre o perceber tudo, e por tudo entenda-se palavras - sejam elas de coisas, acções ou emoções - ou mesmo expressões que nos saem, mais depressa do que pensamos.
E esse desajuste é então colmatado pelos gestos
E nela, desde muito cedo que lhe apercebe-mos dessa vontade de comunicar pelos gestos e aquilo que parece tão diferente, para quem a observa todos os dias e a vê "criar" essa linguagem desde o momento zero, é tão claro como a água.
Por exemplo, sei perfeitamente que o gesto de levar os dedos, juntos numa determinada forma, à testa é diferente de levar um só dedo ou a mão em chapa ao mesmo sítio.
No primeiro ela refere-se a óculos e no segundo está apenas a dizer testa!

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